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República Portuguesa - Conteúdo da Web sobre Euribor
Apesar do corte das taxas diretoras em 0,25 pontos percentuais, os contratos de futuros da Euribor a três meses reagiram apenas com uma queda ligeira, prevendo valores perto dos 3,5% em dezembro.
Confirmada a decisão de corte das taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE) em 0,25 pontos percentuais – valor já antecipado pelo mercado – e apesar do cuidado de Christine Lagarde, presidente da instituição, em relação ao ritmo de futuros cortes, estão criadas as condições para novas descidas das taxas que preocupam mais de um milhão de famílias portuguesas, as Euribor.
Este movimento será, no entanto, lento, como mostram as primeiras reações nos mercados financeiros.
Na Liffe, bolsa europeia de derivados onde se negoceiam os contratos de futuros sobre a Euribor a três meses (a única taxa para que há este tipo de instrumento financeiro), a reação imediata foi de descida, embora muito ligeira.
Nas primeiras horas de negociação após a correção, da ordem dos 0,05%, não se verificou apenas nos contratos a vencer em setembro, que apresentam uma taxa de juro implícita de 3,565%, mas também nos que vencem no final do ano, com o contrato de dezembro a apontar para 3,365%.
A evolução neste mercado, que é, no entanto, muito volátil, permite evidenciar a expectativa do mercado financeiro em relação ao custo futuro do dinheiro.
Para as famílias portuguesas, que têm cerca de 1,4 milhões de empréstimos à habitação, mais de 80% dos quais associados às taxas variáveis, é o valor das Euribor que tem impacto direto.
No entanto, este valor é diretamente influenciado pelas decisões do BCE, que, como se viu, também se refletem nos contratos de futuros.
Será preciso esperar mais alguns dias para avaliar o impacto da mensagem passada pela responsável máxima do BCE, tendo em conta as preocupações manifestadas em relação ao controlo da inflação.
Ainda assim, nesta quinta-feira, apesar do valor fixado no mercado monetário ter ocorrido horas antes de ser anunciada a decisão do Conselho de Governadores do BCE, a evolução da Euribor a 12 meses, a que sinaliza o custo do dinheiro a mais longo prazo, foi positiva.
Esta taxa caiu muito ligeiramente (0,006 pontos percentuais), para 3,684%, um valor que está cada vez mais distante dos 4,228% registados em 29 de setembro de 2023 (o valor mais elevado da escalada verificada nos últimos dois anos, e que só tem paralelo em novembro de 2008).
As Euribor a três e a seis meses registaram variações igualmente muito ligeiras, mas em sentido inverso.
A de seis meses subiu 0,003 pontos percentuais, para 3,744%, e a de prazo mais curto, que é a que apresenta o valor mais elevado, nos 3,755% – precisamente porque as mais longas estão a antecipar as descidas com maior antecedência – aumentou 0,003 pontos percentuais.
Os três prazos estão, no entanto, em valores muito próximos entre si, e, agora, muito próximos da taxa de facilidade permanente de depósito do BCE, que com a decisão desta quinta-feira caiu para 3,75%.
Esta é, das três taxas diretoras, a que mais influência tem na evolução das Euribor.
Embora em dimensão reduzida, uma parte das famílias já está a sentir as primeiras reduções nas prestações dos últimos 24 meses, uma atualização que ocorre a cada três, seis, ou 12 meses, conforme o prazo da taxa utilizada.
Um contrato de 150 mil euros, a 30 anos, com uma margem comercial do banco de 1%, associado à Euribor a seis meses, com revisão no corrente mês de junho, face ao valor resultante da aplicação da taxa de há cerca de seis meses, segundo uma simulação do PÚBLICO.
Nos novos empréstimos a taxas variáveis, o reflexo dos atuais valores das Euribor é imediato, e a tendência de descida está a animar este mercado, com um aumento recente destes empréstimos, tendência que deverá acentuar.
Contudo, a maioria dos novos créditos (75%, em abril) está a ser feita a taxa mista, ou seja, com uma taxa fixa no início do contrato (a dois e três anos, na grande parte dos casos), passando depois a variável.
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