Maria da Conceição Tavares, uma economista influente e referência do pensamento desenvolvimentista no Brasil, faleceu neste sábado em Nova Friburgo aos 94 anos.

Portuguesa de nascimento e brasileira de coração, ela formou uma geração de economistas que têm decidido o destino econômico do Brasil nas últimas décadas.

Ela deixa dois filhos, Laura e Bruno, dois netos, Ivan e Leone, e o bisneto Théo.

A família não divulgou a causa da morte.

Em 2010, sua festa de 80 anos na Casa do Minho, em frente ao prédio onde morava no Cosme Velho, reuniu ex-governadores, ex-ministros da Fazenda e da Saúde, além de dois candidatos à Presidência, Dilma Rousseff e José Serra, que dividiram a mesa com a economista.

Entre seus alunos estavam Fernando Henrique Cardoso, Guido Mantega, Pedro Malan, Luciano Coutinho, João Manuel Cardoso de Melo, Carlos Lessa, Luís Gonzaga Belluzzo, José Luis Fiori e Aloizio Mercadante.

Maria da Conceição Tavares nasceu em 24 de abril de 1930, durante a Grande Depressão.

Em abril de 2018, ela voltou ao palco para receber uma homenagem pelos seus 88 anos.

Em uma entrevista ao GLOBO, ela expressou pessimismo com o Brasil e esperava que os jovens pudessem ajudar o país a sair da crise política e econômica.

Ela chegou ao Brasil em 1954 e se tornou cidadã brasileira três anos depois.

Combateu ferozmente a política econômica do regime militar e os planos liberais dos governos de Fernando Henrique Cardoso.

Nos anos 1980, defendeu emocionadamente a preservação dos ganhos dos trabalhadores durante o congelamento dos preços.

Maria da Conceição Tavares foi uma das criadoras da pós-graduação em economia no Brasil e do Instituto de Economia da Unicamp.

Durante o período militar, foi presa e passou 48 horas nos porões do DOI-Codi no Rio.

Ela foi libertada pelo amigo Mario Henrique Simonsen.

Ela foi deputada federal pelo Rio de Janeiro entre 1995 e 1998 pelo PT.

Casou-se duas vezes e teve dois netos.

Nos últimos tempos, o futebol tomou mais tempo da economista do que a própria economia.

Ela foi contra o Plano Real, mas o plano deu certo e estabilizou os preços.

Maria da Conceição Tavares comprou brigas contra o Real e até contra o primeiro governo do PT.

Ela defendeu a universalização das políticas sociais como saúde, assistência social e educação para todos.

Em tempos de pandemia, vídeos de suas aulas na Unicamp nos anos 1980 e de uma entrevista ao programa Roda Viva em 1995 viralizaram nas redes.

Nos seus 88 anos, o cineasta José Mariani lançou um filme sobre ela, destacando seu pensamento livre e idealismo.

Ela continuou acreditando em uma democracia multirracial nos trópicos, um ideal que ainda não foi alcançado.